Finanças para Médicos

Bons Motivos para Investir em Ativos Internacionais

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Existem inúmeras razões para explorar o mercado internacional de ações. Aprenda como fazê-lo com segurança e a fortalecer seus investimentos pessoais.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA MÉDICOS
dos primeiros passos ao primeiro milhão

Francinaldo Lobato Gomes *

O INVESTIMENTO EM ATIVOS INTERNACIONAIS

 

Nos textos vistos até agora, vocês aprenderam a investir em vários tipos de ativos de renda fixa e de renda variável. Vocês também perceberam o quanto o mercado brasileiro é pequeno. Apenas para se ter uma ideia, o índice S & P 500 negociado nas bolsas americanas é composto por ações de 500 empresas selecionadas segundo critérios específicos. Se somarmos todas as empresas negociadas na B3, o número não chega a 500! Isto significa que apenas o índice S & P 500 tem mais empresas do que toda a B3.

bolsa de valores no brasil
O Brasil representa uma parcela muito pequena do mercado acionário global

Se considerarmos os mercados europeu e asiático, fica mais evidente o quanto o mercado brasileiro é pequeno e pouco representativo. A participação do Brasil na economia mundial é inferior a 1% e vem caindo desde 2011. Os norte-americanos representam cerca de 35% do mercado acionário mundial, enquanto que o mercado brasileiro representa apenas 2,3%.

Os brasileiros apresentam nível bem mais baixo de internacionalização de seus investimentos quando comparados com a média mundial. É claro que qualquer investidor prefere investir em ativos de seu próprio país, porque estes ativos costumam ser mais conhecidos e transmitem mais segurança. No entanto, este viés de casa (home bias) não é o único responsável por tal discrepância.

Ainda predomina em nossa sociedade o pensamento de que apenas dinheiro ilícito é enviado para outros países (nos chamados paraísos fiscais). Mas este pensamento não passa de um mito, que deve ser deixado de lado. Outro pensamento errôneo, que afasta muitas pessoas dos investimentos em geral e também dos investimentos em ativos internacionais, é a ideia de que é preciso ter muito dinheiro para poder investir. De fato, quanto mais dinheiro se tem, maiores são as alternativas de investimentos. Mas, com pouco dinheiro, já é possível adquirir bons produtos no Brasil e no exterior.

 

CONHEÇA AS VANTAGENS: DIVERSIFICAÇÃO, RISCO BRASIL, PROTEÇÃO CAMBIAL, LIQUIDEZ E EMOLUMENTOS 

Uma das mais importantes vantagens de investir em ativos internacionais é a diversificação geográfica. Todos nós já sabemos que, durante o processo de construção de riqueza, é importante diversificar os investimentos. Não é aconselhável deixar todos os ovos na mesma cesta. Devemos colocar os ovos em várias cestas pois, se uma delas cair, não perderemos todos os ovos. A diversificação reduz o risco de perda e melhora a eficiência de um investimento.

Diversificar de verdade significa buscar rendimentos também nos grandes mercados do exterior

E diversificar “de fato” significa ultrapassar as fronteiras brasileiras e buscar rendimento no exterior. Isto porque quem investe apenas em ativos nacionais está exposto 100% ao risco Brasil. Investindo no exterior, uma parte do patrimônio estará em outro(s) país(es), protegida de mudanças políticas ou mesmo econômicas no país de origem. Caso um país entre em crise ou apresente queda nas suas bolsas de valores – o que ocorre com frequência no contexto mundial –, há uma boa chance dos investimentos sofrerem menos do que se eles estivessem em um único país.

Outra vantagem, no caso do Brasil, é a proteção cambial. Dado que os passivos adquiridos pelos brasileiros (bens de consumo) têm seus preços atrelados a uma moeda forte (o dólar), enquanto que os ativos adquiridos pelos brasileiros (produtos de investimentos) têm seu rendimento atrelado ao real, uma moeda fraca, investir em ativos estrangeiros e obter rendimento em moeda forte ajuda na proteção contra as variações cambiais.

Ainda, a liquidez dos ativos dos EUA é enorme quando comparada à liquidez dos ativos brasileiros. O giro diário das ações da Apple, a maior empresa do mundo, é maior do que todo o volume negociado na B3 em um dia. Esta alta liquidez também se reflete nos mercados de opções, renda fixa e mercados futuros.

mercado de acoes da apple
Em um dia, o giro das ações da Apple é maior do que todo o volume negociado na B3

Por último, os emolumentos cobrados pelas bolsas americanas são bem mais baixos que os cobrados no Brasil. Inclusive, os investidores que dão liquidez ao mercado chegam a receber emolumentos da bolsa ao invés de pagar. Esta é a vantagem de ter várias bolsas em um país. Elas competem entre si pelos clientes e cobram taxas muito menores.

Além das vantagens citadas acima existem muitas outras que podem ser vistas neste link. Então, não tenham dúvidas que o número de oportunidades de investimentos em outros países é muito maior do que no Brasil.

 

AMPLIANDO SEU PORTFÓLIO INTERNACIONAL 

Embora grande parte dos brasileiros acredite que investir em ativos internacionais significa comprar um imóvel em Miami, há outras formas mais eficientes de diversificar os investimentos com ativos internacionais (http://www.3ainvestimentos.com.br/2016/12/20/como-investir-em-ativos-internacionais/).

Tomando como referência o mercado dos Estados Unidos, existe uma grande variedade de produtos de investimentos disponíveis, dentre eles…

  • Fundos imobiliários (REITs – Real State Investment Trust),
  • Ações,
  • Fundos de índices (ETF’s – Exchange Traded Funds) e
  • Bonds e Bills (Títulos do Tesouro Americano).

Os fundos imobiliários americanos são bem parecidos com os brasileiros. O gestor investe a maioria do patrimônio do fundo em imóveis ou títulos relacionados a imóveis, distribuem uma grande parte dos lucros para os acionistas e são negociados em bolsa.

Quanto às ações, no mercado Americano é possível investir em cinco bolsas diferentes, sendo elas bolsas que negociam as grandes empresas americanas como Coca Cola, Procter & Gamble, Medtronic, Google, Apple, Disney entre outros. O investimento pode ser feito tanto em mercado à vista quanto no mercado de opções.

bond and bills - estados unidosOs ETF’s são cotas negociadas na bolsa e por meio delas é possível investir em dezenas de empresas ao mesmo tempo. Existem ETF’s separadas por setor, índice e commodities. Uma cota representa uma cesta repleta de ações de diferentes instituições, diversificando o seu risco. Existem, por exemplo, ETF’s de tecnologia que contém ações de fabricantes de celulares, desenvolvedores de softwares e provedores de redes em todo o mundo; fazendo com que os investidores consigam aproveitar o crescimento no mercado de smartphones.

Os Bonds e Bills se parecem com as dívidas emitidas pelo nosso governo ou por uma instituição privada (debêntures). As taxas pagas no exterior por esses produtos financeiros são bem inferiores aos pagos no Brasil; porém, como a inflação americana é mais baixa que a brasileira, o rendimento liquido fica bem parecido. A segurança do investimento é o fator determinante para o investidor optar por investir fora do Brasil.

 

NA PRÁTICA: COMO INVESTIR NO EXTERIOR?
ENSINAMOS AS TRÊS MANEIRAS

O investidor que decide investir em ativos internacionais costuma ser bastante desestimulado por conta das restrições, taxações e obrigações tributárias. Além disso, as altas taxas de juros ainda praticadas no Brasil costumam tornar o investimento em ativos internacionais menos atrativo.

Ainda assim, ampliar seu portfólio com ativos de fora vale a pena. Há basicamente três formas de investir em ativos internacionais:

  • a primeira consiste em enviar recursos para o exterior através de uma Trust ou de uma Offshore (personalidades jurídicas legalizadas fora do Brasil e que permitem investir em ativos do mundo todo, não apenas no país onde estiverem sediadas).Esta é uma forma mais eficiente de investir, porque permite o deferimento de pagamento de Imposto de Renda até que haja a repatriação dos recursos. As alíquotas de IR variam de acordo com o país onde a empresa está sediada.
  • a segunda forma consiste em comprar produtos negociados no Brasil, mas que investem em ativos internacionais, como alguns fundos multimercados ou em fundos de investimento no exterior, os quais podem investir até 20% ou até 100% do patrimônio do fundo em ativos internacionais, respectivamente.
  • e a terceira maneira é por meio das corretoras brasileiras que possuem sedes nos Estados Unidos ou outros países desenvolvidos. Assim, possibilitam o investimento do brasileiro no exterior. Essas instituições trabalham apenas para os brasileiros que já são clientes da corretora aqui no Brasil. Os valores exigidos para investir em ativos internacionais por meio de uma corretora costumam ser mais altos.

 

 

CONCLUINDO…

Ter ativos internacionais na carteira é aconselhável não apenas para quem tem uma grande fortuna para diversificar, mas também para quem tem objetivos no exterior, tais como morar, viajar ou estudar fora, ainda que temporariamente. Afinal, a economia brasileira vive um momento difícil. Neste cenário, é saudável proteger uma parte do patrimônio das variações do câmbio e também das variações políticas e econômicas locais.

Para saber mais sobre investimento em ativos internacionais, assistam o hangout feito com o Rodrigo Noschese, da XP Internacional, a seguir:

e também ouçam o podcast da Saúde mais Ação na iTunes Store.

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Dr. Francinaldo Gomes

Neurocirurgião. Mestre em Neurociências. Autor dos livros "Bolsa Valores para Médicos" (Editora DOC, 2012) e "Finanças no Consultório: como Maximizar os Resultados" (Editora DOC, 2016). Escritor da coluna "Investimentos" da revista DOC e da revista SBN Hoje. Especialista em investimento em ações e mercado de opções (CMA Educacional). MBA em finanças com ênfase em gestão de investimentos (FGV). Membro da Comissão de Apoio, Qualificação e Gestão Empresarial da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
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