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Administração Simultânea de Vacinas é Segura?

Saiba quais vacinas possuem evidências científicas de segurança para administração simultânea e em quais casos o método não é recomendado

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Aadministração simultânea de vacinas é definida como a administração de mais de uma vacina no mesmo dia clínico, em diferentes locais anatômicos (inclusive as vacinas combinadas). Evidências experimentais e extensa experiência clínica fornecem a base científica para administrar vacinas simultaneamente (2).

A administração simultânea de todas as vacinas para as quais uma pessoa é elegível no momento de uma visita aumenta a probabilidade de uma criança, adolescente ou adulto ser vacinado totalmente até a idade apropriada (3). Um estudo conduzido durante um surto de sarampo demonstrou que aproximadamente um terço dos casos de sarampo entre crianças pré-escolares não vacinadas, porém elegíveis para a vacina, poderiam ter sido prevenidos se a SCR tivesse sido administrada na mesma consulta quando outra vacina foi administrada (4). A administração simultânea também é indicada quando se planeja viagens ao exterior e quando o profissional de saúde não tem certeza de que um paciente retornará para doses adicionais de vacina.

A administração simultânea de todas as vacinas para as quais uma pessoa é elegível no momento de uma visita aumenta a probabilidade de uma criança ser vacinada totalmente até a idade apropriada

Com algumas exceções, administrar simultaneamente as vacinas vivas e inativadas mais amplamente utilizadas produziu taxas de soroconversão e taxas de reações adversas similares àquelas observadas quando as vacinas são administradas separadamente (2, 5-6). A administração rotineira de todas as doses de vacinas apropriadas para a idade é recomendada simultaneamente para crianças para as quais não existem contraindicações específicas no momento da visita (1).

Clinica PREVINA Campinas - vacinas

 

QUAIS VACINAS PODEM SER ADMINISTRADAS SIMULTANEAMENTE?

A vacina tríplice bacteriana acelular (Tdap) e a vacina contra influenza podem ser administradas simultaneamente(9).

A vacina contra hepatite B administrada com a vacina contra febre amarela é tão segura e imunogênica quanto nos casos em que essas vacinas são administradas separadamente (10).

A administração simultânea de vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente e a vacina inativada contra influenza induz a uma resposta de anticorpos satisfatória, sem aumentar a incidência ou a gravidade das reações adversas (8); sua administração é recomendada para todas as pessoas para as quais ambas as vacinas são indicadas.

A vacina SCR e a varicela também podem ser administradas simultaneamente (1). A vacina contra influenza não interfere na resposta imunológica à vacina SCR ou varicela administradas na mesma consulta (7). Durante a temporada de influenza de 2010–2011, os sistemas de vigilância detectaram sinais de segurança para convulsões febris em crianças pequenas após a vacina inativada contra influenza e 13. A ACIP (Advisory Committee on Immunization Practices) continua a recomendar que a vacina inativada contra influenza e a pneumocócica conjugada 13-valente sejam administradas concomitantemente, se ambas forem recomendadas.

 

EXCEÇÕES PARA A VACINAÇÃO SIMULTÂNEA

Há três exceções à recomendação de administração simultânea de vacinas:

  1. Em pessoas com asplenia anatômica ou funcional, a vacina conjugada meningocócica quadrivalente (MenACWY-D, Menactra®) e a vacina conjugada pneumocócica 13-valente não devem ser aplicadas simultaneamente. Neste caso, a vacina conjugada pneumocócica 13-valente deve ser administrada primeiro e a MenACWY-D (Menactra®) somente 4 semanas depois (12). Esta recomendação é baseada em estudos de imunogenicidade que mostraram concentrações de anticorpos reduzidas para 3 sorotipos de pneumococo (subtipos 4, 6B e 18C);
  2. Em doentes com recomendação para receber tanto a vacina conjugada pneumocócica 13-valente (PCV13) quanto a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23), não deve haver administração simultânea das duas vacinas (11). A dose de PCV13 deve ser administrada primeiro, seguida de uma dose de VPP23, que deve ser administrada entre 6 a 12 meses depois, e uma segunda dose de VPP23 cinco anos após a primeira (14);
  3. Em crianças menores de 2 anos de idade, recomenda-se que não recebam as vacinas contra febre amarela e a tríplice viral no mesmo dia. Nesses casos, sempre que possível, respeitar intervalo de 30 dias entre as doses (13).

 

Conclusão

A vacinação simultânea está entre as principais orientações de melhores práticas na imunização, uma vez que esta prática não interfere na resposta imunológica das vacinas e tampouco potencializa os efeitos colaterais. Portanto, em geral, não há contraindicação à associação de vários agentes vacinais em um mesmo dia, conduta que se apresenta, inclusive, como uma medida econômica e oportuna de aproveitar o contato com o usuário para imunizá-lo contra o maior número de doenças.

 

 

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS

  1. Atkinson WL, Pickering LK, Schwartz B. Weniger BG, Iskander JK, Watson JC. Recomendações gerais sobre imunização. Recomendações do Comitê Consultivo em Práticas de Imunizações (ACIP) e da Academia Americana de Médicos de Família (AAFP). MMWR Recomendação Rep. 2002; 51 (RR-2): 1-35.
  2. King GE, Hadler SC. Administração simultânea de vacinas infantis: uma importante política de saúde pública que é segura e eficaz. Pediatr Infect Dis J.1994; 13 (5): 394-407.
  3. National Vaccine Advisory Committee. Standards for child and adolescent immunization practices. Pediatrics.2003;112(4):958-963.
  4. Hutchins SS, Escolan J, Markowitz LE, et al. Measles outbreak among unvaccinated preschool-aged children: opportunities missed by health care providers to administer measles vaccine. Pediatrics. 1989;83(3):369-374.
  5. Deforest A, Long SS, Lischner HW, et al. Administração simultânea da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola com doses de reforço de vacinas contra difteria, tétano, coqueluche e poliovírus. Pediatrics. 1988; 81 (2): 237-246.
  6. Giammanco G, Li Volti S, Mauro L. et al. Resposta imune à administração simultânea de uma vacina contra hepatite B de DNA recombinante e múltiplas vacinas obrigatórias na infânciavaccine1991; 9 (10): 747-750. DOI: 10.1016 / 0264-410X (91) 90291-D
  7. Grohskopf LA, Sokolow LZ, Olsen SJ, Bresee JS, Broder KR, Karron RA. Prevention and control of influenza with vaccines: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices, United States, 2015-16 influenza season. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2015;64(30):818-825.
  8. DeStefano F, Goodman RA, Noble GR, McClary GD, Smith S, Broome CV. Simultaneous administration of influenza and pneumococcal vaccines. JAMA. 1982;247(18):2551-2554. DOI: 10.1001/jama.1982.03320430055032
  9. Kretsinger K, Broder KR, Cortese MM, et al. Preventing tetanus, diphtheria, and pertussis among adults: use of tetanus toxoid, reduced diphtheria toxoid and acellular pertussis vaccine recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) and recommendation of ACIP, supported by the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC), for use of Tdap among health-care personnel. MMWR Recomm Rep. 2006;55(RR-17):1-37.
  10. Yvonnet B, Coursaget P, Deubel V, Diop-Mar I, Digoutte JP, Chiron JP. Simultaneous administration of hepatitis B and yellow fever vaccines. J Med Virol. 1986;19(4):307-311. DOI: 10.1002/jmv.1890190403
  11. CDC. Use of 13-valent pneumococcal conjugate vaccine and 23-valent pneumococcal polysaccharide vaccine for adults with immunocompromising conditions: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2012;61(40):816-819.
  12. CDC. Recomendação do Comitê Consultivo em Práticas de Imunizações (ACIP) para uso da vacina conjugada meningocócica quadrivalente (MenACWY-D) entre crianças de 9 a 23 meses com risco aumentado de doença meningocócica invasiva. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2011; 60 (40): 1391-1392.
  13. Brasil, Ministério da Saúde – NOTA INFORMATIVA Nº 143/CGPNI/DEVIT/SVS/MS, 2018.
  14. Sociedade Brasileira de Imunização – https://sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao, Calendários de Vacinação 2018.
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Dr. Luis Alberto Verri

Dr. Luis Alberto Verri (CRM 51162) é médico pediatra, formado pela UNICAMP (onde realizou a residência em pediatria), especialista pela SBP e atua no Hospital Vera Cruz desde 1985 e com vacinas desde 1996.

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