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Eritema Ab Igne: o que é e como tratar?

Entenda detalhes sobre uma doença epidérmica cada vez mais comum entre jovens, como diagnosticá-la e tratá-la.

Destaques
  • Muitas doenças dermatológicas são desconhecidas pelos Pediatras. Apesar de raro, o eritema ab igne tem aumentado a sua incidência em adolescentes pela utilização de notebooks apoiados nas coxas.
  • Leia nosso resumo e aprenda mais sobre o assunto.
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Oeritema ab igne é uma lesão eritematosa reticulada e que evolui para hiperpigmentação, de origem secundária à exposição crônica e repetida ao calor moderado (insuficiente para causar queimaduras térmicas) ou, mais raramente, à radiação infravermelho [UpToDate atualização maio 2018].

O eritema ab igne também é chamado de eritema calóricosíndrome da pele tostada e manchas de fogo [Medscape 2016].

Mantida a exposição crônica ao calor, as lesões do eritema ab igne podem se tornar atróficas, hiperpigmentadas ou ulceradas, com descamação e telangiectasias [Dermatology Online Journal].

 

Epidemiologia DO ERITEMA

Eritema ab igne é raro, acomete mais mulheres (principalmente acima do peso) e não tem predileção por raça. Pode acometer qualquer idade, destacando-se os adultos de meia idade. Todavia, com o uso difundido das novas tecnologias (tablets, notebooks, smartphones), há cada vez mais relatos de adolescentes afetados.

 

Eritema Ab Igne: Fatores de Risco

Em países frios, nos locais onde não há disponibilidade de aquecimento central, o uso de fontes de calor localizadas ou aquecedores representam risco maior de seu surgimento. Pessoas que trabalham próximas a fontes de calor – como fogão, caldeiras e fogueiras -, além daquelas que utilizam almofadas/bolsas de aquecimento, cobertores térmicos em terapia intensiva, lâmpadas infravermelhas e eletrônicos, também apresentam risco aumentado [UpToDate atualização maio 2018, Medscape 2016Dermatology Online Journal].

Lombalgia crônica e a utilização repetida e prolongada de calor local para alívio dos sintomas aumenta a incidência do eritema ab igne nessa localização. Os cozinheiros são afetados principalmente na face e mãos. A utilização pelos fisioterapeutas de ultrassom e diatermina por ondas curtas (o que é isso?) como forma de alívio da dor também predispõe o aparecimento desse eritema [Medscape 2016].

A utilização de dispositivos eletrônicos com emissão considerável de calor, como os notebooks, causa geralmente lesões nas coxas, podendo ser unilaterais (devido à localização da unidade óptica, bateria ou de elementos de aquecimento do laptop). Há relatos de eritema ab igne pela utilização de telefone celular [Dermatology Online Journal].

Algumas fontes de calor relacionadas ao aparecimento do eritema ab igne de acordo com a literatura [Medscape 2016]:

  • Almofadas/bolsas de aquecimento;
  • Garrafas de água quente;
  • Fogões elétricos, a gás, carvão ou lenha;
  • Aquecedores;
  • Radiadores a vapor;
  • Aquecedores de carro;
  • Cadeiras reclináveis ​​aquecidas;
  • Aquecimento ou cobertor elétrico;
  • Tijolos quentes;
  • Lâmpadas infravermelhas;
  • Pipoca de microondas;
  • Notebook;
  • Aquecedor de assento de automóvel;
  • Banho quente.

 

Fisiopatologia da doença

Os mecanismos patogênicos ainda são pouco compreendidos. Sabe-se que a exposição a temperaturas a partir de 43–47ºC provoca agressão na epiderme e no plexo venoso, resultando inicialmente numa hiperemia e, após, ocasionando uma hipermelanose reticulada, podendo essa ser uma explicação de seu surgimento [Medscape 2016, Dermatology Online Journal].

 

Eritema Ab Igne: Diagnóstico

O diagnóstico de eritema ab igne é clínico. Deve haver história de exposição excessiva ao calor na área afetada, sendo que o tempo de exposição para desencadear a lesão na pele pode variar de meses a vários anos, e o dano parece ser cumulativo [Medscape 2016].

Inquérito sobre profissão e hobbies é muito importante. São bem descritas lesões em face e mãos de cozinheiros, antebraços de padeiros, lesões na face de sopradores de vidros e lesões nas coxas de usuários frequentes de notebooks [Dermatology Online Journal]. As lesões são geralmente assintomáticas; no entanto, em alguns casos, pode ocorrer queimação e prurido [UpToDate atualização maio 2018Dermatology Online Journal].

A elevação moderada da temperatura da pele inicialmente resulta num eritema leve, transitório e muitas vezes reticulado. Com exposição prolongada e repetida ao agente causador, as áreas de eritema reticular persistem e, com o tempo, tornam-se lívidas e hiperpigmentadas. O formato e tamanho da lesão é geralmente similar ao da fonte de calor [Medscape 2016]. Tardiamente, a pele pode se tornar hiperpigmentada, atrófica e ceratótica, com o surgimento de bolhas e teleangiectasias [Medscape 2016Dermatology Online Journal].

Em casos raros, em que o diagnóstico for incerto, pode ser realizada biópsia por punch e exame anatomopatológico [Medscape 2016].

A depender da fonte de calor e do tempo de exposição, há um risco de desenvolvimento de neoplasia [Medscape 2016Dermatology Online Journal].

 

Diagnóstico Diferencial

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Dr. Breno Montenegro Nery

Médico pediatra especializado em medicina intensiva pediátrica, com graduação pela Universidade Federal de Pernambuco e especialização pela Unicamp.
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