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Vitamina D e Autismo, o que Há de Novo?

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Artigo de revisão detalha correlações entre vitamina D e o autismo tanto na gestação quando na infância. Acompanhe os dados.

 

Trazemos, hoje, a revisão de artigo Vitamin D and autism, what’s new?, publicado no periódico Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders, e que relaciona a suplementação de vitamina D em gestantes, lactantes e crianças pequenas com o desenvolvimento do autismo. Veja nossa análise a seguir.

 

O autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico caracterizado por comunicação prejudicada e comportamentos repetitivos. Atualmente, é diagnosticado em 1 de cada 64 crianças americanas de 8 anos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano — o CDC (Centers for Disease Control and Prevention). Todavia, recentemente, houve um aumento dramático em sua prevalência, quando comparado aos anos anteriores. Em vista disso, diversos grupos de pesquisa têm buscado uma solução para diminuir a incidência de autismo e melhorar os sintomas dos pacientes acometidos.

As causas do autismo são desconhecidas, com possível etiologia em múltiplos genes e fatores ambientais. Ainda não dispomos de nenhuma terapia bem estabelecida para prevenir ou tratar os sintomas centrais dessa doença.

Apesar das causas serem desconhecidas, há um corpo crescente de evidências que aponta hipóteses interessantes para a origem do autismo. O artigo discutido hoje mostra uma correlação entre baixos níveis de vitamina D sérica e o risco de autismo.

 

A VITAMINA D

A vitamina D é metabolizada em um hormônio que regula cerca de 3% dos 26.000 genes expressos nos seres humano. É também um neuroesteroide que é ativo no desenvolvimento do cérebro, tendo efeitos sobre a proliferação e diferenciação celular, assim como na sinalização de cálcio, além de efeitos neurotróficos e neuroprotetores. Também parece ter um efeito na neurotransmissão e plasticidade sináptica.

A revisão da literatura realizada pelo estudo em questão analisou os níveis de vitamina D na gestação, no nascimento e aos 8 anos de idade, comparando pacientes autistas com pacientes saudáveis. Foram notadas, por exemplo, melhoras nos sintomas do autismo em 75% dos portadores de autismo que receberam reposição de vitamina D.

 

ASSOCIAÇÕES ENTRE VITAMINA D E AUTISMO

A hipovitaminose D é tão comum atualmente que um estudo holandês de 2015, compreendendo 6.100 jovens e crianças, identificou que apenas 33% tinham 25-(OH)-Vitamina D3 em 20 ng/mL (a Sociedade de Endocrinologia recomenda 40–60 ng/mL).

Foram notadas melhoras nos sintomas do autismo em 75% dos portadores de autismo que receberam reposição de vitamina D.

Associação direta e significativa entre latitudes (distância geográfica dos locais de estudo em relação à linha do Equador) e prevalência do autismo numa determinada população tem sido cada vez mais relatada, aumentando-se a força da correlação entre Espectro Autista e Hipovitaminose D.

Um estudo realizado em 2015 com 335 crianças com raquitismo demonstrou que 25% delas apresentavam algum grau de autismo. Outro estudo recente mostrou que a suplementação de vitamina D durante a gravidez (dose de 5.000 UI/dia) e durante a infância (1.000 UI/dia) reduziu significativamente a chance de ocorrência de autismo no segundo filho em mães que já tinham um filho autista, de 20% para 5%.

Segurança e suplementação

A vitamina D é bastante segura. Preocupações com sua toxicidade – no caso de recomendações universais de suplementação – existem, mas, nos últimos 15 anos, os relatórios do Poison Control (centro de toxicologia com credibilidade mundial) mostraram que, de aproximadamente 15.000 casos de overdose de vitamina D, em apenas três casos houve desenvolvimento de toxicidade clínica. Não houve óbitos. Dados esses fatos, o autor recomenda considerar a utilização de suplementação de vitamina D na dose de 300 UI/kg/dia em pacientes pediátricos autistas, e, durante a gravidez e em mulheres que amamentam, 5.000 UI/dia. Para lactentes e crianças jovens, é recomendada a dose de 150 UI/kg/dia para “prevenção” do autismo, verificando os níveis séricos de 25(OH)D3 a cada 3 meses.

 

 

Como acontece para a maioria das novas terapias e recomendações para doenças em Pediatria, novos estudos com grandes amostras populacionais ainda são necessários para termos uma recomendação universal da suplementação de vitamina D como forma de prevenção e redução de sintomas do autismo. Entretanto, como se trata de uma substância altamente segura, a vitamina D parece ser bastante promissora no manejo desses casos.

Leia o artigo na íntegra (para assinantes)
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Dra. Marcela Ferreira

CRM MG 63868 Gradução: Centro Universitário de Volta Redonda Residência em Pediatria: Hospital Municipal Ouro Verde - Campinas/SP Pós-graduação em Nutrologia pela ABRAN Professora de Pediatria (puericultura) da Faculdade de Medicina de Itajubá .

Atendimento:

  • Hospital Santa Mônica – Divinópolis/MG Sala de Parto, Enfermaria clínica pediátrica e neonatal, Emergência Médica
  • Consultório Particular Brasil Clinic – Avenida Primeiro de Junho, 411/sala 703 – Centro – Divinópolis/MG. (37) 3214-1762

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