Amoxicilina: 1, 2 ou 3x ao Dia?

Qual o intervalo correto para a administração da amoxicilina? Você está prescrevendo antibióticos corretamente? Descubra isso e mais no posto do PortalPed.
Qual o intervalo correto para a administração da amoxicilina? Você está prescrevendo antibióticos corretamente?
Esse é um assunto que muitas vezes gera discussão.
Para discutir isso com propriedade, precisamos entender os mecanismos de farmacocinética (PK) e farmacodinâmica (PD) da amoxicilina (penicilinas).
Então vamos aos conceitos!
- Farmacocinética (PK): relacionado ao tempo de concentração de antibiótico no organismo. Envolve absorção, distribuição, metabolismo e eliminação da medicação.
- Farmacodinâmica (PD): relacionado à relação entre a concentração e o efeito antimicrobiano. Leva em conta o mecanismo de ação, toxicidade e interação
- Concentração inibitória mínima (MIC): menor concentração do antimicrobiano capaz de inibir o desenvolvimento visível do microrganismo.
- Efeito pós-antibiótico (PAE): supressão persistente do crescimento bacteriano após a exposição a um antibiótico.
Historicamente, utiliza-se mais a farmacocinética do que a farmacodinâmica para estabelecer os regimes de tratamento antimicrobiano. Porém, com o aumento da resistência microbiana, a farmacodinâmica tem se mostrado cada vez mais importante para definir os regimes de tratamento que previnem a resistência microbiana com maior eficiência.
A melhor dose e intervalo de um antibiótico devem ser definidos para cada situação clínica, conforme o sítio de infecção, a gravidade, o tipo de paciente e a epidemiologia local.
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS QUANTO À FARMACODINÂMICA
- Antimicrobianos tempo-dependentes: São aqueles que têm sua ação regida pelo tempo de exposição das bactérias às suas concentrações séricas e teciduais. A ação destes antimicrobianos independe dos níveis séricos que atingem, mas dependem do tempo que permanecem acima da concentração inibitória mínima para esse microrganismo.
- Antimicrobianos concentração- ou dose-dependentes: Por outro lado, os antimicrobianos concentração- ou dose-dependentes são aqueles que exibem propriedades de destruição de bactérias em função da concentração, isto é: quanto maior a concentração da droga, mais rápida a erradicação do patógeno. O que importa para essas medicações é o pico que atinge acima da MIC.
Para entendermos melhor esta questão, vamos focar nos beta-lactâmicos. Estes são antibióticos classificados como tempo-dependentes. A concentração do antibiótico precisa estar um tempo acima da MIC para aquela bactéria específica (%T>MIC). No casos das penicilinas, a %T>MIC é de 30-40%, ou seja, a concentração do antibiótico tem que estar 30-40% do tempo acima da MIC e não 100% do tempo. Por esse motivo, podemos usar amoxicilina 2x ao dia para tratamento de otite média aguda e pneumonia e 1x ao dia para tratamento de amigdalite estreptocócica. No caso das Cefalosporinas a %T>MIC é de 60-70%.
Já os aminoglicosídeos são classificados como concentração-dependente. Quanto maior o pico acima da MIC, melhor a ação. É por isso que a amicacina deve ser usada em dose única (maior concentração), e não de 2 a 3x ao dia (menor concentração por fracionamento da dose).
Já as doses vão variar para cada patologia e epidemiologia local. Por exemplo: no Brasil, a taxa de resistência intermediária do pneumococo é de 4%. Sendo assim, a dose habitual para tratar OMA é de 40-50mg/kg/dia. Já nos EUA, a resistência intermediária tem taxas mais elevadas, portanto estão sendo preconizadas doses de 90mg/kg/dia.
Algumas referências:
Anvisa – Antimicrobianos








Esperamos que este conteúdo tenha contribuído para sua prática diária.
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