Vacinação em Prematuros: quando eles podem ser vacinados?
Orientações sobre vacinação em recém-nascidos pré-termo contra hepatite, rotavírus e demais doenças.

O peso e o tamanho ao nascer não são fatores na decisão de vacinar um lactente pré-termo clinicamente estável (1,2), exceto para a vacinação contra hepatite B. A dose total recomendada de cada vacina deve ser aplicada conforme orientação do recém-nascido a termo. Não são recomentadas no recém-nascido pré-termo doses divididas ou reduzidas.
VACINA PARA HEPATITE B
Alguns prematuros com peso menor de 2.000 g ao nascimento podem apresentar taxas de soroconversão menores após a administração da vacina contra hepatite B (3). No entanto, com a idade cronológica de 1 mês, todos os prematuros, independentemente do peso inicial, provavelmente responderão de forma tão adequada quanto os lactentes maiores (4,5). As crianças com peso <2.000 g, nascidas de mães HBsAg-negativas, poderão receber a primeira dose da série de vacinas contra hepatite B com idade cronológica de 1 mês ou na alta hospitalar, se a alta hospitalar ocorrer quando a criança tiver menos de um mês de idade.
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A dose inicial da vacina não deve ser contada para a conclusão da série de hepatite B, e 3 doses adicionais devem ser administradas, começando quando a criança tem 1 mês de idade. Para mães com status de HBsAg desconhecido, a vacina contra hepatite B é recomendada dentro de 12 horas após o nascimento, independentemente do baixo peso ao nascer.
No Calendário de Vacinação Prematuros – SBIM (Sociedade Brasileira de Imunização), o recém-nascido com peso inferior a 2.000 g ou idade gestacional menor que 33 semanas deverá receber, obrigatoriamente, quatro doses (esquema 0 – 2 – 4 – 6 meses ou 0 – 1 – 2 – 6 meses), sendo a primeira dose nas primeiras 12 horas de vida (7).
Os recém-nascidos de mães HBSAg+ devem receber ao nascer (ou nas primeiras 12 horas de vida), além da vacina, imunoglobulina específica contra hepatite B (IGHAHB) (7).
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VACINA DO ROTAVÍRUS
Em relação à vacina do Rotavirus, orienta-se iniciar a vacinação na idade cronológica de 2 meses. Se a criança estiver hospitalizada, o adiamento da vacina é recomendado até o momento da alta, por ser vacina de vírus vivo atenuado e oral. Existe um risco teórico de o vírus vacinal ser transmitido para as crianças da mesma unidade de internação (6).
A série de vacinas contra o rotavírus não deve ser iniciada em lactentes com idade acima de 3 meses e 15 dias.
Em recém-nascidos com suspeita de imunodeficiência ou cujas mães fizeram uso de biológicos durante a gestação, a vacina do Rotavirus pode estar contra indicada.
VACINA BCG
A vacina BCG ID deverá ser aplicada em dose única em recém-nascidos com peso maior ou igual a 2.000 g e o mais precocemente possível, de preferência ainda na maternidade. Em caso de suspeita de imunodeficiência ou recém-nascidos cujas mães fizeram uso de drogas imunossupressoras durante a gestação, a vacina poderá estar contraindicada (7).
OUTRAS VACINAS
Para recém-nascidos prematuros, hospitalizados ou não, utilizar preferencialmente vacinas acelulares [antígenos purificados da bactéria que causa a coqueluche (Bordetella pertussis), por exemplo]. A utilização de vacinas acelulares reduz o risco de eventos adversos. Em prematuros extremos, considerar o uso de analgésicos/antitérmicos profiláticos com o intuito de reduzir a ocorrência desses eventos, principalmente eventos cardiorrespiratórios e convulsão. Prefira ainda o uso das vacinas combinadas e acelulares à DTPa (DTPa-HB-VIP-Hib ou DTPa-VIP-Hib), pois elas permitem a aplicação simultânea e se mostraram eficazes e seguras para os recém-nascidos pré-termo. (7)
ATENÇÃO
O uso simultâneo de múltiplas doses injetáveis em recém-nascidos pré-termo pode se associar à apneia, devendo-se dar preferência à administração de menor número de injeções em cada imunização. Qualquer dose não administrada na idade recomendada deve ser aplicada na visita subsequente. (7)
Finalizando, é sempre bom lembrar da importância da vacinação de contactantes, que é especialmente indicada para quem convive ou cuida de recém-nascidos pré-termo e inclui as seguintes vacinas:
- coqueluche,
- influenza,
- varicela,
- sarampo,
- caxumba e
- rubéola.
Referências científicas
- Bernbaum JC, Daft A, Anolik R, et al. Resposta de recém-nascidos prematuros a imunizações contra difteria, tétano e coqueluche. J Pediatr. 1985; 107 (2): 184-188. DOI: 10.1016 / S0022-3476 (85) 80122-0
- Shinefield H, Black S, Ray P, Bombeiro B, Schwalbe J, Lewis E. Eficácia, imunogenicidade e segurança da vacina conjugada pneumocócica heptavalente em recém-nascidos de baixo peso e pré-termo. Pediatr Infect Dis J.2002; 21 (3): 182-186. DOI: 10.1097 / 00006454-200203000-00003
- Lau YL, Tam AY, Ng KW, et al. Resposta de bebês prematuros à vacina contra hepatite B. J Pediatr. 1992; 121 (6): 962-965. DOI: 10.1016 / S0022-3476 (05) 80352-X
- Patel DM, Mordomo J, Feldman S, Graves GR, Rod. PG. Imunogenicidade da vacina contra hepatite B em recém-nascidos saudáveis de muito baixo peso. J Pediatr. 1997; 131 (4): 641-643. DOI: 10.1016 / S0022-3476 (97) 70078-7
- Losonsky GA, Wasserman SS, Stephens I e outros. Vacinação contra hepatite B em bebês prematuros: uma reavaliação das recomendações atuais para imunização tardia. 1999; 103 (2): E14. DOI: 10.1542 / peds.103.2.e14
- Cortese MM, Parashar UD. Prevenção da gastroenterite por rotavírus entre bebês e crianças: recomendações do Comitê Consultivo em Práticas de Imunizações (ACIP). MMWR Recomendação Rep. 2009; 58 (RR-2): 1-25.
- SBIm:https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-prematuro.pdf. Acesso em 22/09/2018
SOBRE OS AUTORES
- Luis Alberto Verri (CRM 51162) é médico pediatra, formado pela UNICAMP, onde realizou a residência em pediatria, especialista pela SBP, atua no Hospital Vera Cruz desde 1985 e com vacinas desde 1996.
- VERRI, B. H. M. A – Beatriz Verri é graduada em enfermagem pela Unicamp, com especialização em Cardiologia e em Administração Hospitalar. Possui doutorado em Saúde Coletiva também pela UNICAMP. Atualmente é professor adjunto doutor da Universidade São Francisco e da Faculdade São Leopoldo Mandic.