Especialidades da Pediatria

Existe opção de remédio para eliminar piolho sem pesticida?

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Os piolhos costumam afetar, principalmente, crianças em sua fase escolar entre 3 e 11 anos. Muitas técnicas de tratamento já foram utilizadas ao longo dos anos para acabar com esse problema, mas algumas delas eram até nocivas à saúde das crianças por conterem substâncias tóxicas, como pesticidas. ¹ 

Graças à tecnologia, hoje é possível eliminar piolhos e lêndeas de forma indolor, rápida e sem o uso de pesticida, que danifica o couro cabeludo, principalmente das crianças, que são mais sensíveis. ¹  

Continue lendo para conhecer o que existe de mais seguro e efetivo para o tratamento de piolhos e lêndeas. 

As tentativas de acabar com o piolho humano (Pediculus humanus) 

 Na história, houve muitas tentativas de controlar infestações de piolhos e lêndeas. Um médico português no século XVII acreditava que a única forma de acabar com uma infestação era de forma mecânica, o famoso “catar piolho”. ² 

Sabe-se, também, que o uso de uma planta com propriedades inseticidas, a Treviranus foi bastante utilizada na Europa no século XIX. Outros históricos apontam, ainda, o uso de sandarah (substância obtida de uma árvore africana), caldo de víbora, sementes de stavesacre, óleo de rosas, e o uso de mercúrio! ² 

Foi apenas em 1948, que o inseticida Dicloro Difenil Tricloroetano (DDT) foi descoberto e começou a ser usado durante a Segunda Guerra Mundial. Todos esses métodos, hoje, foram superados, pois provocavam irritação no couro cabeludo e não eram eficazes em, de fato, acabar com a infestação de piolhos e lêndeas. ² 

Tratamento tradicional para piolhos e lêndeas 

Piolhos e lêndeas ainda afetam milhões de pessoas. O motivo disso é que o inseto consegue criar resistência aos componentes presentes nos remédios que foram amplamente usados para tratamento nos últimos 200 anos. ²  

Esses remédios são da classe Piretróides e têm ação neurotóxica, sendo inseticidas (pesticidas) sintéticos que têm baixos efeitos colaterais e baixa toxicidade nos mamíferos e uma eficiente ação em combater os piolhos e lêndeas. ² 

Apesar de serem efetivos e terem baixa toxicidade, hoje, esses tratamentos também já estão superados, pois uma nova forma de tratamento, sem o uso de inseticida (pesticida), já está no mercado para uso. ³ 

Veja como é o funcionamento dos medicamentos que contêm inseticida: 

Permetrina para eliminar piolhos e lêndeas 

No ano de 1986, a Permetrina em loção 1% começou a ser prescrito no tratamento de piolhos e lêndeas após ter sido considerada a substância menos tóxica e com menor risco de efeito colaterais para tratar os piolhos que infestam os humanos. ² 

Essa substância atua ao interferir nas proteínas transportadoras de sódio, o que provoca um bloqueio nos canais dos neurônios e causa paralisia respiratória e posterior morte dos insetos. ² 

É sabido pela comunidade cientifica que essa substância teve grande eficiência no tratamento de piolho e lêndeas. Porém, esses insetos começaram a criar resistência e a eficiência tem caído. ² 

A Permetrina 1% é o tratamento mais utilizado mundialmente, porém, com essa resistência, outros métodos precisaram começar a serem pesquisados. ² 

Deltametrina para eliminar piolhos e lêndeas 

A Deltametrina 1% é um medicamento gerado do ácido crisântemo, extraído da flor de crisântemo. A atuação funciona da seguinte forma: o exoesqueleto do inseto absorve a substância e provoca paralisia e posterior morte do parasita. Ele tem alta eficiência e é pouco tóxico. ² 

Lindano para eliminar piolhos e lêndeas 

Essa substância atua hiper estimulando os neurônios do inseto, provocando paralisia e subsequente morte do parasita. Começou a ser utilizada em 1952, mas tem um alto nível de toxidade, podendo desencadear convulsão grave no paciente e, por isso, é usada somente quando outras substâncias não tiveram efeito realmente. ² 

Um novo jeito de tratar piolhos e lêndeas  

Perceba que, todos os tratamentos citados, acima tinham algum nível de toxidade para conseguir, de fato, matar o inseto. Esse tipo de tratamento agora já está superado. Hoje, um dos tratamentos mais modernos não é mais à base de inseticida, artificial ou não. ³ 

Com uma nova tecnologia, foi desenvolvido a emulsão capilar de dimeticona 4%, que consegue envolver o piolho e lêndea em uma película de silicone de alta densidade, que cobre e imobiliza o inseto, provocando sua asfixia e causando sua morte. Sem o uso de nenhuma toxina para isso!  ³ 

Todos esses tratamentos tradicionais, além de fazerem mal ao organismo, principalmente das crianças, agem no sistema nervoso central do inseto, provocando paralisia e não necessariamente sua morte. Por isso, esse novo tratamento é inofensivo para a saúde capilar, sendo suave para o couro cabeludo até mesmo de um bebê a partir dos seis meses de idade. ³ 

Mitos e verdades sobre piolho e lêndea  

É comum que existam muitas dúvidas sobre piolho e lêndea, visto que é uma situação que vai acontecer com quase toda criança no período escolar.  

Por isso, reunimos alguns mitos e verdades para esclarecer algumas coisas. Afinal, informação evita preconceitos e bullying que pode vir a ocorrer quando uma criança (ou até mesmo um adulto) é diagnosticado com esses parasitas. Vamos lá?  

  • “Só tem piolho quem não tem boa higiene” 

 Mito! Na verdade, os piolhos preferem cabelos limpos. ⁴ 

  • “Meninas têm mais chances de terem piolhos do que meninos” 

 Verdade! Isso acontece porque, geralmente, as meninas têm cabelos maiores, o que é mais propício para o piolho. ⁴ 

  • “Quando uma criança é diagnosticada com piolhos, ela deve se afastar da escola”  

Mito! Diferente de gripe ou conjuntivite, piolho não é uma doença que seja motivo de afastamento. É preciso que o tratamento na criança afetada seja feito e que a escola seja avisada, para que os outros pais se atentem com prevenção das demais crianças. ⁴ 

  • “O tratamento de piolho e lêndea é demorado”  

Mito! O tratamento de piolho e lêndea não precisa e nem deve ser complicado ou demorado. Conforme falamos, hoje existe um novo método, 5x mais eficiente do que os tradicionais, sem inseticida na fórmula e suave para o couro cabeludo. Tudo isso para que a criançada não deixe de aproveitar nenhum momento por conta desses pequeninos parasitas que são comuns na idade escolar.  

Leia também: https://www.portalped.com.br/especialidades-da-pediatria/piolho-como-identificar-e-tratar-de-forma-rapida-e-pratica/ 

Referências  
1 – SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE. PEDICULOSE (PIOLHO). Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/pediculose-piolho/ Acesso em 10/11/22 
2 – GARZONI, FABIANA. CARVALHO, VÂNIA. PEDICULOSE: FATOS HISTÓRICOS SOBRE A DOENÇA E ABUSCA PERSISTENTE PELO TRATRAMENTO IDEAL. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/7135#:~:text=V%C3%A1rios%20artigos%20relatam%20os%20primeiros,as%20consequ%C3%AAncias%20na%20pessoa%20afetada. Acesso em 10/11/22  
3 – MEDQUIMICA. NOVO DELTAMETRIL. EMULSÃO CAPILAR 4%. DISPONÍVEL EM: https://medquimica.ind.br/deltametril-d/ Acesso em 10/11/22  
4 – FUNDAÇÃO OSWALD CRUZ. PIOLHO: MITOS E  VERDADES. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/documento/piolho-mitos-e-verdades Acesso em 10/22/22  
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